Tubarão de tênis? Entenda meme do 'Tralalero Tralala' que invadiu as redes

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Entre os mais populares estão o Tralalero Tralala, o Bombardiro Crocodilo e o Tung Tung Tung Sahur, uma espécie de taco de beisebol indonésio. Ele ameaçaria a porta da casa dos seus anfitriões caso ele toque e não seja atendido.

O sucesso, explica o Youtuber Filipe Leme, está no fato de que o internauta cai em uma bolha. "Eu comecei a ver um depois do outro e não parava mais de surgir bicho, e aí começou a fixar na minha cabeça e eu não consigo pensar em outra coisa", disse em um vídeo. Esta obsessão que ele descreve é, justamente, o efeito "brain rot" (veja a explicação abaixo).

Os personagens começaram a ganhar mitologia própria nas comunidades. Na Wiki dedicada apenas aos fãs do "brain rot", há uma relação de animais e perfis para cada um, que contam histórias de como um se liga ao outro. O Tralalero Tralala, por exemplo, teria um suposto passado heroico e sido reconhecido como cavaleiro pelo rei Charles 3º por seus esforços contra o Bombardiro Crocodilo.

As histórias criadas para os animais também se relacionam com fatos da atualidade. Um dos áudios virais que acompanha o Bombardiro Crocodilo, um crocodilo em formato de avião de guerra, relata o terror do conflito em Gaza.

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Além do Urubini Flamenguini, versão "brain rot" do mascote do Flamengo, o Brasil passou a inventar outros personagens. Entre eles está a Chicleteira Bicicleteira, que seria natural de Xique-Xique, na Bahia.

Tanto no Youtube quanto no TikTok, a mania dos híbridos leva a uma série de vídeos em que os criadores de conteúdo fazem suas listas de favoritos. Eles também produzem remixes e versões próprias, criam novas mitologias para os personagens e disputam quem tem razão sobre qual "brain rot" é mais legal.

Mas os animais do "brain rot italiano" também já ultrapassaram o domínio das redes, o que só aumenta o seu poder de fisgar mais fãs. Dentro do videogame Fortnite, por exemplo, já é possível participar de batalhas entre os memes.

Origem do "brain rot"

O termo "brain rot" foi escolhido como palavra do ano de 2024 pelos estudiosos por trás do Dicionário Oxford de Inglês. Ele foi definido como a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, resultado do consumo exagerado de conteúdo (especialmente online) que é considerado banal ou pouco desafiador. A expressão pode ainda ser usada em qualquer situação que leve a um desgaste mental semelhante, mesmo em ambiente offline.

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Expressão foi usada pela primeira vez em 1854. Foi o escritor Henry David Thoreau que registrou o primeiro uso escrito de "brain rot" em seu clássico "Walden". Na obra, ele utiliza o termo para criticar a tendência da sociedade de desvalorizar ideias complexas que podem ser interpretadas de diversas formas, e preferir outras mais simples —o que indicaria um declínio geral mental e de esforço intelectual.

Palavra do ano é favorita das gerações Z e alfa, dizem especialistas. Segundo o time do Oxford, foi observada uma adoção maior ao "brain rot" especialmente entre os mais jovens (das crianças até 29 anos), o que foi considerado preocupante.

Estes grupos amplificaram a expressão através das redes sociais, o exato local que dizem causar 'brain rot'. Demonstra uma consciência de si um pouco provocadora que as novas gerações têm do impacto danoso das redes que herdaram. Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages

*Com informações de matéria publicada em 02/12/2024.

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