Megale: Antes porto seguro de crises globais, direção do dólar agora é incerta

6 dias atrás 2

Conteúdo XP

Os impactos das medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuam sendo assimilados pelo mercado. Para Caio Megale, economista-chefe da XP, o futuro da moeda americana pode ter tomado destino incerto.

“O anúncio do presidente Trump foi bastante forte. O aumento das tarifas foi mais acentuado do que o mundo esperava e tende a trazer uma perspectiva de crescimento bem menor para a economia global. Os preços das commodities está refletindo isso”, avaliou Megale, que participou nesta sexta (4) do programa Morning Call da XP.

Choque

“A pergunta agora é como isso se traduz isso para a economia brasileira. PIB menor no mundo representa PIB menor aqui também. A gente vai ter uma certa desaceleração”, comentou.

Para o economista, o mundo está tendo um choque de custo bastante expressivo. “A inflação deve subir no mundo no curto prazo, antes de eventualmente cair”, disse. “Mas não é claro que a inflação vai cair no mundo”, complementou.

Ele vê uma possível recessão global à frente ajudada pela queda dos preços de commodities, para contrabalancear os efeitos das tarifas. “Mas o ponto-chave é como isso se traduz na nossa taxa de câmbio”, destacou.

“O dólar vai globalmente se valorizar ou desvalorizar?”, questionou. “Em momentos de crise aguda global, historicamente o dólar se valoriza porque é para ele que as pessoas correm quando as crises aparecem”, disse. Mas, agora, segundo ele, há dúvidas sobre esse comportamento, depois das medidas de Trump. Cabe destacar que, após cair forte na véspera, o dólar tem fortes ganhos nesta sexta em meio à aversão a risco global.

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O real

“Está muito cedo para gente dizer que o cenário base é de que o dólar vai se desvalorizar no mundo é que o real vai continuar caindo para R$ 5,60 ou R$ 5,50”, comentou.

“Nossa taxa de câmbio depende da taxa de juros nos Estados Unidos, mas também do preço de commodities. O Brent (petróleo) caindo abaixo de US$ 70 o barril, por exemplo, pega na arrecadação de impostos (do governo), na balança comercial e pode pesar na taxa de câmbio”, avaliou.

No último relatório Brasil Macro Mensal da XP, divulgado nesta quinta (3) à noite, a casa informou que a “incerteza global torna a previsão para o câmbio mais desafiadora”. A XP, por ora, mantém a projeção de R$ 6 por dólar ao final de 2025.

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