O Ibovespa caiu mais de 1% nesta segunda-feira (31), contaminado pela aversão ao risco no exterior, em meio ao esperado anúncio de novas tarifas pelo presidente dos Estados Unidos.
Contudo, no mês, o benchmark da Bolsa brasileira teve ganhos de 6%, guiado por companhias como Magalu (MGLU3), Cogna (COGN3) e frigoríficos como Minerva (BEEF3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3). As ações das 5 companhias tiveram ganhos superiores a 30%.
Já do lado das perdas, destaque para a queda de Natura (NTCO3), com baixa de mais de 20%. Contudo, apenas 4 ativos registraram perdas de mais de 6%.
Confira os destaques de alta e baixa no mês:
Maiores altas
Minerva (BEEF3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3): +42,99%, +32,66% e 32,5%
As ações de frigoríficos são, em conjunto, o setor que mais que destacou no geral, mas com um noticiário movimentado também no micro das companhias.
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A Minerva divulgou seus resultados, com um prejuízo líquido de R$ 1,57 bilhão no quarto trimestre de 2024 (4T24), revertendo o lucro de R$ 19,8 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. Contudo, apesar do resultado negativo, as ações saltaram pós-balanço. Na visão da XP, a Minerva apresentou resultados sólidos e acima das estimativas da XP (XPe), impulsionados por volumes maiores do que o esperado. A receita líquida foi de R$ 10,7 bilhões (+74% ano a ano e +8% versus XPe), enquanto o Ebitda ajustado atingiu R$ 944 milhões (+56% ano a ano e +12% versus XPe).
“Vale destacar um ajuste de R$ 33,6 milhões em ‘outras despesas’, que requer maior detalhamento por parte da companhia. Por outro lado, as margens recuaram refletindo o aumento nos preços do gado”, avalia a equipe de análise. Apesar do impacto mais significativo vindo do Brasil e da fase de ramp-up da nova planta, os preços do gado também estão subindo no Uruguai e na Argentina, com a última enfrentando maior volatilidade macroeconômica, apontam os analistas.
Já no caso da JBS, o grande destaque do noticiário foi uma evolução para a dupla listagem da companhia nos EUA. A BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), concordou em se abster de votar na assembleia geral extraordinária (AGE) que decidirá sobre a listagem da JBS na Bolsa de Nova York (NYSE). Com isso, a decisão ficará nas mãos dos acionistas minoritários, o que o mercado interpretou como um sinal positivo para a concretização da operação. Esse movimento fez com que o valor de mercado aumentasse em R$ 20 bilhões.
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A XP Investimentos destacou em relatório ver o anúncio como positivo, pois remove um possível obstáculo para a aprovação da dupla listagem da JBS, especialmente considerando a especulação do mercado de que a governança da BNDESPar poderia restringi-la de manter grandes participações em empresas com sede fora do Brasil.
Além disso, segundo a XP, o anúncio reforça o otimismo do acionista controlador da empresa em relação à potencial listagem dual. No entanto, a corretora observa que a duração do acordo parece longa, o que poderia levantar preocupações de que a JBS não está otimista sobre a execução da dupla listagem em um futuro próximo.
Já para a Marfrig, no fim do mês, a companhia divulgou seus resultados do 4T com Ebitda ajustado (excluindo a BRF [BRFS3]) de R$ 849 milhões, 6,4% acima das projeções do Bank of America. Contudo, o banco manteve a recomendação neutra para as ações da companhia, citando um cenário desafiador para o setor de carne bovina e um processo de desalavancagem gradual.
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Magazine Luiza (MGLU3): +41,96%
As ações do Magazine Luiza se destacaram como a maior disparada de março. Em boa parte do mês, a visão de que o Brasil não deve elevar tanto os juros como anteriormente esperado em meio a sinais de desaceleração econômica foi um fator para o ativo, ainda que a varejista ainda enfrente um cenário desafiador.
No mês, o destaque de alta ficou na sessão do dia 14 de março pós-balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24). Em termos ajustados, o lucro líquido teve um crescimento de 37,1% na comparação com o mesmo período de 2023, para R$ 139,2 milhões; sem ajustes, o lucro avançou 38,9% no comparativo anual, para R$ 294,8 milhões, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) cresceu 53,6%, para R$ 842,4 milhões.
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Se, por um lado, a rentabilidade continua em alta, por outro os analistas seguem vendo desaceleração das vendas e não veem tanto conforto para se exporem no ativo levando em consideração o cenário macroeconômico.
Em teleconferência, Frederico Trajano, o CEO do Magazine Luiza, destacou que a varejista Luiza pretende acelerar crédito para elevar vendas em 2025, diz presidente, com oportunidade de aceleração após a autorização do Banco Central para o MagaluPay. Além disso, ressaltou que o foco em 2025 é em conversão de vendas para a melhora de rentabilidade nos últimos anos e que a empresa segue negociando com Aliexpress ampliação de parceria para logística.
Ainda em destaque, no fim do mês, a ação animou após o conselho de administração da varejista aprovar proposta de distribuição de dividendos intermediários no montante líquido de R$ 225 milhões. A proposta será votada por acionistas em assembleia geral extraordinária no próximo dia 24 de abril. Caso aprovada, os dividendos serão pagos à vista, em moeda corrente nacional, em 5 de maio de 2025, aos titulares de ações de emissão da companhia, com base na posição acionária do dia 25 de abril de 2025.
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Cogna (COGN3): +37,50%
Na mesma linha de busca de oportunidades em um cenário mais próximo para encerrar o ciclo de alta de juros, as ações da Cogna registraram fortes ganhos em março.
Na frente micro, o grupo de educação divulgou lucro de R$ 925,8 milhões no quarto trimestre, com crescimento de dois dígitos da receita. O conselho também aprovou distribuição de dividendos, ainda sujeito à aprovação da Assembleia, após a companhia apurar em 2024 o primeiro lucro anual em cinco anos.
Contudo, os analistas ainda viram os resultados com ponderações. Na visão do Morgan Stanley, houve dois grandes fatores que dificultaram a interpretação dos resultados. Primeiro, a contabilidade foi alterada novamente no 4T24, com impacto positivo na receita, mas neutro no Ebitda. O segundo ponto é que a Cogna reverteu R$ 807 milhões em contingências fiscais, o que ajudou no resultado final e não está totalmente excluído das métricas ajustadas/recorrentes da empresa.
Confira as maiores altas do Ibovespa em março:
Ticker | Preço (R$) | Variação no mês (%) |
BEEF3 | 6,32 | 42,99 |
MGLU3 | 10,15 | 41,96 |
COGN3 | 2,09 | 37,5 |
JBSS3 | 41,11 | 32,66 |
MRFG3 | 18,06 | 32,5 |
BRAV3 | 23,1 | 28,26 |
CVCB3 | 2,12 | 22,54 |
PCAR3 | 3,09 | 22,13 |
CMIN3 | 6,19 | 21,37 |
RENT3 | 33,59 | 20,89 |
B3SA3 | 12,14 | 17,2 |
VIVA3 | 19,89 | 16,59 |
VAMO3 | 4,39 | 15,22 |
CYRE3 | 23,9 | 15,18 |
MRVE3 | 5,11 | 13,3 |
ASAI3 | 7,54 | 13,04 |
BBDC4 | 12,67 | 12,92 |
RAIZ4 | 1,85 | 12,12 |
ABEV3 | 13,5 | 11,54 |
TIMS3 | 18 | 11,32 |
CSNA3 | 9,47 | 11,15 |
YDUQ3 | 11,54 | 10,96 |
FLRY3 | 11,7 | 9,96 |
BRFS3 | 19,68 | 9,76 |
BBDC3 | 11,35 | 9,66 |
RADL3 | 19,05 | 9,61 |
LREN3 | 12,23 | 9,33 |
IRBR3 | 51,26 | 8,74 |
ITUB4 | 31,41 | 8,23 |
ITSA4 | 9,45 | 8 |
BRAP4 | 17,91 | 7,89 |
MULT3 | 22,6 | 7,88 |
PSSA3 | 40 | 7,76 |
CPFE3 | 37,7 | 7,47 |
SBSP3 | 102 | 7,39 |
VALE3 | 56,7 | 6,82 |
ELET3 | 40,79 | 6,72 |
BPAC11 | 33,7 | 6,71 |
BBSE3 | 40,3 | 6,5 |
EQTL3 | 32 | 6,45 |
ALOS3 | 19,13 | 6,24 |
VBBR3 | 17,78 | 6,08 |
SANB11 | 26,72 | 6,07 |
UGPA3 | 17,11 | 5,86 |
ELET6 | 44,42 | 5,84 |
CPLE6 | 10,41 | 5,47 |
BBAS3 | 28,19 | 5,35 |
ENGI11 | 40 | 5,1 |
IGTI11 | 18,5 | 4,76 |
HAPV3 | 2,21 | 4,74 |
PETR3 | 40,82 | 4,53 |
PRIO3 | 39,8 | 4,27 |
RDOR3 | 28,2 | 4,25 |
CSAN3 | 7,39 | 4,23 |
EGIE3 | 38,6 | 3,85 |
RECV3 | 16,49 | 3,78 |
PETR4 | 37,16 | 3,42 |
VIVT3 | 49,83 | 3,29 |
SLCE3 | 18,6 | 3,1 |
HYPE3 | 19,37 | 2,98 |
TAEE11 | 33,66 | 2,65 |
PETZ3 | 4,07 | 1,75 |
STBP3 | 13,31 | 1,68 |
ENEV3 | 11,83 | 0,42 |
BRKM5 | 11 | 0,27 |
Maiores baixas
Natura&Co (NTCO3): -22,74%
A Natura (NTCO3) lidera as quedas do mês, com perda de mais de 20%. A gigante do varejo viu o maior recuo dos papéis em sua história, após a divulgação de seus resultados do quarto trimestre de 2024. A queda logo após a apresentação dos resultados foi de quase 30%, o que fez a companhia perder R$ 5,6 bilhões em valor de mercado. A queda fez com que executivos realizassem reunião com analistas para esclarecer principais preocupações de investidores.
Dentre elas, estava o anúncio de mudanças com a proposta de incorporação da Natura & Co Holding pela subsidiária integral, Natura Cosméticos S.A.. Segundo a empresa, a incorporação não afetará as estratégias das unidades de negócio, mantendo o plano de integração das marcas na América Latina, com conclusão prevista para 2025. Com as mudanças, o JPMorgan mudou a recomendação da companhia para neutro, do anterior overweight, assim como Goldman Sachs, que alterou para classificação de compra anterior para neutro.
Marcopolo (POMO4): -16,73%
As ações da Marcopolo (POMO4) seguem em tendência de queda mesmo após resultados recorde em 2024. Apesar da divulgação ter acontecido no fim de fevereiro e os papéis reagirem negativamente, as ações da companhia não se destacaram como maiores baixas do mês passado. Em março, no entanto, se apresentam como principais em desempenho negativo.
Mesmo com bons dados no balanço, analistas do Bradesco BBI consideraram que o movimento de margem de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da empresa seria potencialmente negativo, em relação ao trimestre anterior.
Na visão do Itaú BBA, o foco dos investidores na margem Ebitda da Marcopolo resultaram em um desempenho inferior em 25 pontos percentuais frente ao Ibovespa desde que seus resultados do 4T24 saíram.
Considerando que os números do 4T24 ressoam com um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão para 2025, isso implica que a ação está sendo negociada a um múltiplo de preço sobre lucro de 5,8 vezes (desconto de 50% em relação ao nível histórico) e rendimento de dividendos de 9%, o que é 80% acima do nível histórico. “Além de sua avaliação atraente, a Marcopolo permanece como uma história de desalavancagem e está positivamente exposta ao dólar. Por outro lado, acreditamos que o posicionamento no nome permanece acima da média histórica”, avalia, mantendo assim recomendação equivalente à compra.
Azul (AZUL4): -14,99%
A Azul (AZUL4) anunciou, na sexta-feira, mais uma etapa de seu processo de reestruturação da dívida. Segundo a XP, o anúncio é parte relevante da materialização de parte relevante do forte potencial de diluição do plano de reestruturação total da Azul.
“A diluição total desse anúncio chega a 59%, enquanto ceteris paribus [tendo todas as outras variáveis constantes], a alavancagem reportada no 4T24 de 5,3 vezes o dívida líquida/Ebitda melhoraria 0,3 vez para 5,0 vezes”, afirmam analistas da XP em relatório sobre o anúncio.
Cemig (CMIG4): -6,41%
A Cemig (CMIG4) encerra o ranking das principais quedas de março após reação negativa ao balanço do quarto trimestre de 2024. A companhia reportou queda de 47,1% na comparação com o mesmo período de 2023. Os papéis recuaram quase 5% no dia da divulgação do balanço.
No mês de março, a companhia também informou que o Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte proferiu nova sentença em embargos de declaração, declarando nula a decisão anterior em ação popular contra o Edital de Venda de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), corrigindo vício na formação do processo.
Além disso, outros quatro nomes caíram mais de 5% no mês: WEG (WEGE3), Azzas 2154 (AZZA3), Suzano (SUBZ3), Embraer (EMBR3) e Klabin (KLBN11).
Confira as maiores quedas do Ibovespa em março:
Ticker | Preço (R$) | Variação no mês (%) |
NTCO3 | 9,99 | -22,74 |
POMO4 | 6,12 | -16,73 |
AZUL4 | 3,29 | -14,99 |
CMIG4 | 10,26 | -6,41 |
SUZB3 | 52,94 | -5,98 |
AZZA3 | 24,5 | -5,77 |
WEGE3 | 45,28 | -5,76 |
EMBR3 | 65,75 | -5,69 |
KLBN11 | 18,66 | -5,42 |
AURE3 | 7,44 | -4,49 |
TOTS3 | 33,37 | -4,21 |
RAIL3 | 16,22 | -4,19 |
LWSA3 | 2,67 | -2,55 |
GGBR4 | 16,18 | -2,3 |
SMTO3 | 20,7 | -2,22 |
CXSE3 | 14,91 | -1,91 |
GOAU4 | 8,95 | -1,87 |
ISAE4 | 22,34 | -0,87 |
USIM5 | 5,68 | -0,53 |
CCRO3 | 11,64 | -0,51 |